A presente pesquisa investigou as representações de violência reveladas por crianças, adolescentes e suas famílias em situação de risco social. A investigação foi realizada com crianças e adolescentes abrigados na Chácara Meninos de 4 Pinheiros, organização nãogovernamental, localizada em Mandirituba, região metropolitana de Curitiba – Paraná – Brasil, e que abriga oitenta meninos que viveram situações de vulnerabilidade social. O protocolo de pesquisa, elaborado especialmente para esta investigação, é composto por sete histórias sobre violência, com vistas a caracterizar o ciclo de violências sofrido por crianças e adolescentes em situação de risco e de vulnerabilidade social. As histórias apresentam enredos sobre violência na família – violência psicológica, abuso físico e sexual; violência na rua – violência policial, consumo de drogas e violência cometida por turista; violência na escola e ato infracional cometido por adolescente. Para a coleta de dados foi utilizado o referido protocolo, aplicado de acordo com as orientações do método clínico crítico (PIAGET, 1978; 1994; 2002; DELVAL, 2001; 2002; ASSIS, 2002; 2005), as histórias foram apresentadas para crianças, adolescentes e membros de suas famílias, visando compreender “o quê e como” eles pensam sobre as histórias a violência, investigando os porquês de suas respostas. O problema que orientou esta investigação: “a partir do julgamento de histórias de violência, quais são as representações reveladas por crianças e adolescentes em situação de risco social? E quais são as representações reveladas por suas famílias?”. Os seguintes objetivos direcionaram a investigação: 1) Identificar e analisar as representações de violência em crianças e adolescentes que sofreram violências, assim como investigar tais representações em suas famílias; 2) Identificar, por meio de entrevistas com coordenador da instituição e com educadores-aprendizes, a história de vida de crianças e adolescentes abrigados, e respectivamente a história de vida de suas famílias, assim como os tipos de violências sofridas por eles; 3) Inferir implicações pedagógico-sociais relacionadas com a prevenção da violência, que envolvam as representações reveladas por crianças, adolescentes e suas famílias. Na análise de dados obtidos nas dezessete entrevistas clínicas, as representações reveladas pelos sujeitos entrevistados foram classificadas em dois grupos, o primeiro grupo composto por representações associadas aos fatores de risco, que interferem e comprometem o desenvolvimento integral da criança e do adolescente; e o segundo grupo, composto por representações associadas aos fatores de proteção que potencializam o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes. A análise do conjunto de representações possibilitou a definição de categorias que são explicativas e constitutivas do par dialético: violência/resiliência, que fundamenta a elaboração da tese deste trabalho, pautada na defesa de que ao investigar violência, foi possível identificar também os fatores de proteção e as histórias de resiliência. As histórias de vida de crianças, adolescentes e suas famílias em situação de risco social são caracterizadas e relacionadas às representações reveladas pelos sujeitos. O processo de análise das representações de violência possibilitou inferir nove implicações pedagógico-sociais, que denotam suas perspectivas, educativa e preventiva, relacionadas ao planejamento, desenvolvimento e avaliação de ações, projetos, programas e políticas públicas de prevenção da violência, visando potencializar a resiliência de crianças, adolescentes e suas famílias.
(81) 3320.6067
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