Conhecer aspectos epidemiológicos das hospitalizações por causas externas de crianças e adolescentes admitidos em uma Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP). Trata-se de um estudo observacional descritivo que avaliou as internações por causas externas (capítulos XIX e XX da Classificação Internacional de Doenças e de Problemas Relacionados à Saúde CID-10) de todas as crianças e adolescentes menores de 15 anos de idade, admitidos entre agosto de 1989 a agosto de 2003 na UTIP do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia. De 2455 internações, 372 (15%) foram por causas externas, principalmente por acidentes de transporte (49,2%), por envenenamentos (9,1%) e por quedas (8,9%). A média de idade foi de seis anos e as ocorrências foram principalmente entre cinco e nove anos (39,8%) e com meninos (60,2%). A maioria dos agravos (75,6%) ocorreu no período diurno, principalmente das 12:00h às 18:00h e foram comuns em todos os dias da semana com discreto predomínio aos domingos. O número de ocorrências por mês variou de 24 (6,5%) em maio, a 36 (9,7%) em janeiro, abril, novembro e dezembro. Os locais mais comuns das ocorrências foram nas ruas e estradas (47,5%) e nas residências (35,4%). As vítimas (64,5%) ficaram internadas predominantemente até três dias e com traumatismos na cabeça (251; 52,5%). Dos 47 (12,6%) óbitos, 25 (53,2%) ocorreram por acidentes de transporte e em 44,1% havia traumatismo na cabeça. Conclui-se que as internações em UTIP por causas externas predominam em escolares, decorreram principalmente por acidentes de transporte e o óbito foi mais freqüente em pedestres. A adoção de comportamentos e oferecimento de ambientes seguros, práticas educativas continuadas e medidas de acalmação do trânsito são necessárias para garantir melhor segurança e saúde de crianças e adolescentes.