Trata das histórias de crianças e adolescentes abrigados em duas casas de acolhimento no município de Vitória-ES. Apresenta a situação de acolhimento sob o ponto de vista dos sujeitos acolhidos priorizando suas percepções sobre a própria condição, assim como sobre a de suas relações familiares e suas expectativas de futuro. Resgata a história da Infância e Juventude no Brasil desde a colonização até a atualidade, atravessada pela doutrina do higienismo e também pelo aparato médico-jurídico, como ferramenta de tutela de uma população específica. Percorre a história da legislação infanto-juvenil brasileira, desde a criação do primeiro Código de Menores até a implementação do Estatuto da Criança e do Adolescente, em 1990. Utiliza a história oral como ferramenta metodológica. Analisa práticas hegemônicas que produzem subjetividades, construídas na lógica do capitalismo neoliberal, as quais culpabilizam e responsabilizam famílias, em geral pobres, consideradas incapazes de criar seus filhos dentro de um modelo burguês instituído. Pondera sobre discursos e práticas construídas nessas instituições de acolhimento que aprisionam a criança e o adolescente em construções subjetivas as quais os rotulam, estigmatizam e os caracterizam como inseguros o que justificaria a sua necessidade de tutela. Explica que, apesar da fragilização dos vínculos familiares anteriores, o acolhimento não impede a formação de outras redes afetivas e a ressignificação de família, escola e do próprio futuro, criando outros modos de subjetivação. Conclui que, na casa de acolhimento, apesar da construção de subjetividades que despotencializam/vitimizam as crianças e adolescentes acolhidos, há espaços para invenção de outras formas de ser e de estar acolhido, formas que singularizam o sujeito.
há histórias tão verdadeiras que parecem que são inventadas